Por insistência das minhas amigas, chegou a hora de falar sobre sexo anal. E, para isso, é preciso coragem, em todos os sentidos. Primeiro, porque o assunto é delicado. Segundo, porque é batido [às vezes, me parece um assunto vencido, chato de tão perseverante]. Já tive boas e péssimas experiências com sexo anal. Sem dúvida, um esporte radical. Uma descarga absurda de adrenalina. Uma mistura de sentir prazer em dar prazer com descobrir prazer neste receio. Conheço mulheres que o usam como moeda de troca. E, conheço maridos que pagam caro por um buraquinho [seja o da esposa ou não]. E no meio desse papo entre amigas, num quarto de hotel, em São Paulo, uma delas vira pra mim e diz: ”Se você não tem pregas pra dizer pra todos eles que sexo anal dói e não é prazeroso, eu tenho!”. Fiquei muda e deixei ela soltar o verbo. Colocando as mãos cruzadas sobre o peito, como quem confessa um sentimento profundo, ela começou a descrever o que era, para ela, o sexo anal. O desabafo começou assim: “Eu suo de dor e meu marido sabe disso. Ele sabe que eu faço só para agradá-lo e acho que isso o excita ainda mais. Ele também sabe que mulher não tem próstata e que mulheres comuns, como eu, não atingem o orgasmo através do sexo anal”. Uma outra, que estava calada, ouvindo o depoimento emocionado da coleguinha, levanta o dedo e diz: “Quero dar minha opinião!”. E, com seu sotaque marcante, aborda o assunto de forma menos agressiva. “Eu sinto um tipo de prazer diferente. Pra mim, sexo anal é entrega, é o ápice da intimidade. E não suporto lubrificantes. Para chegar atrás, tem que ter usado, abusado e lambuzado toda a parte da frente”.
Concordo! Sexo anal é como um prato raro. Exige todo um preparo e um ritual requintado de degustação. Já meio cansada de falar de cu e sonhando com o sexo clássico [filé com fritas] que eu fazia com quem um dia me deixaria, pensei [em voz alta]: “Dar a bunda não é tão difícil. Duro mesmo é levar um pé na bunda”. Foi o suficiente. Tiramos o foco do traseiro e entramos [de cabeça erguida] nas dores de cotovelo.
 
Fonte: http://playboy.abril.com.br/blogs/